terça-feira, 25 de maio de 2010

Juventude Louca

Sentei-me na mesa com vista para o mar, fiquei à espera da minha bebida contemplando as ondas. A bebida chegou abri o meu caderno de folhas brancas e comecei a escrever. Estava compenetrada demais para reparar no que se passa a minha a volta.

Senti uma mão no meu ombro, parei de escrever e voltei-me para trás. Nunca acreditei que pudesses ser tu, como sempre estava a escrever as minhas histórias pensando em ti, fechei o caderno e fiquei em silêncio, a contemplar-te.

- Já lá vai muito tempo...
- Anos - respondi.
- Vejo que continuas a beber Baileys à tarde aqui sentada - sorriste para mim.
- Hábitos difíceis de contornar.
- Posso sentar-me um pouco?
- Está à vontade...

Ficamos a olhar-nos olhos nos olhos durante 5 minutos sem proferir-mos uma palavra que seja. O desejo de te beijar de novo, apoderava-se de mim, mas como? Como era possível depois de tudo, eu ainda sentir algo tão forte por ti? Ter um desejo insaciável dentro de mim. Levantei-me e abracei-te com toda a força que tinha, sussurrei-te ao ouvido:

- Tinha tantas saudades de ouvir a tua voz, saudades de ti. Nunca pensei que algum dia viesses à minha procura.

Ficamos a conversar durante horas, ou pelo menos assim pareceu. Contaste-me as imensas coisas que se passaram na tua vida. Sorri todo o tempo.

- Mas conta-me Rita o que é feito de ti?

Não consegui, caiu uma lágrima, olhei para baixo, tentando disfarçar...

- Não desperdices mais lágrimas tola!

Agarraste a minha mão e beijas-te-a. Senti-me protegida, como não me sentia desde os tempos de juventude louca. Aproximaste a tua cara de mim e encostamos as nossas testas, reparei que tinhas o rosto coberto de lágrimas, não tive forças para dizer o que fosse.

Senti o toque suave dos teus lábios de novo. Deixei-me engolir no mundo perdido da nossa juventude louca, ao som da nossa música e das ondas.



Rita

Sem comentários:

Enviar um comentário